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Como a cannabis medicinal auxilia portadores das síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut

Atualmente, alguns estados disponibilizam a medicação de forma gratuita em razão das evidências científicas relacionadas aos benefícios

O Sistema Único de Saúde, o SUS, passou a distribuir cannabis medicinal de forma gratuita em alguns estados.  Em São Paulo, a lei 17.618 foi sancionada no final de 2023 e é uma mostra da comprovação dos resultados positivos do uso em algumas situações médicas, como as síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut. Mas do que se tratam essas síndromes?


A síndrome de Dravet é uma forma rara e grave de epilepsia manifestada na primeira infância. Estima-se que ela esteja presente em um a cada vinte mil nascimentos. É caracterizada por convulsões prolongadas e frequentes, muitas vezes difíceis de serem controladas com os fármacos convencionais. A doença é causada por mutações no gene SCN1A, que afeta a função dos canais de sódio no cérebro, essenciais para a condução normal dos impulsos nervosos.


A síndrome de Lennox-Gastaut (SLG) também é uma forma rara e grave de epilepsia infantil. Normalmente ela se manifesta entre 3 e 5 anos de idade, persiste na idade adulta e é marcada por convulsões frequentes de diferentes tipos, além de atrasos no desenvolvimento cognitivo.


Diversos estudos têm mostrado que o canabidiol (CBD) ajuda nos casos de epilepsia de difícil controle. Ele interage com os receptores canabinoides presentes no cérebro e acredita-se que sua ação anticonvulsivante seja intermediada por outros receptores e moléculas transportadoras de neurotransmissores. Com propriedades anticonvulsivantes, ansiolíticas e analgésicas, o medicamento à base da cannabis atua como uma espécie de neuroprotetor nessas situações. 


São muitos os casos em que o uso medicinal da cannabis trouxe resultados promissores a quem sofre com crises de epilepsia causadas por síndromes raras. No caso de Clárian Carvalho, 20 anos, diagnosticada com Síndrome de Dravet, as convulsões começaram com cinco meses e meio de idade. Foram testados uma série de anticonvulsivantes ao longo dos anos, e poucos resultados apareceram. No primeiro uso de cannabis medicinal, a menina ficou 11 dias sem ter convulsões. 


Uma transformação positiva também aconteceu com Lorenzo Seara Bohrer que começou a ter crises frequentes de convulsão a partir de um ano e dois meses. Aos setes anos as convulsões pioraram e o menino foi diagnosticado com Síndrome de Dravet. O risco de morte súbita era real e os pais decidiram tentar o tratamento com cannabis medicinal. O resultado mudou a vida de Lorenzo e de toda a família. “Ele nunca mais foi para o hospital. A intensidade mudou drasticamente. As convulsões são muito mais brandas agora. São focais. A gente chama e ele volta sozinho. Parece que ele tem um controle maior. É fantástico o que o canabidiol fez para ele”, disse a mãe de Lorenzo em entrevista.


Tantos resultados positivos documentados em estudos e pesquisas levou o Sistema Único de Saúde a começar a disponibilizar a alternativa de forma gratuita em alguns estados e mediante algumas pré-determinações. Trata-se de um passo muito importante, que também ajuda a ampliar a busca por conhecimento relacionado aos muitos benefícios da cannabis.