Já contamos aqui no blog que, em alguns estados brasileiros, o Sistema Único de Saúde (SUS) começou a distribuir cannabis medicinal de forma gratuita. Entretanto, isso acontece apenas no caso de portadores de algumas síndromes para as quais já são reconhecidos os benefícios no uso. Além das síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut, das quais já tratamos aqui, portadores de esclerose tuberosa também podem ter direito aos medicamentos à base de cannabis.
Mas o que é a esclerose tuberosa? Também chamada de “Síndrome de Bourneville-Pringle ou Epiloia”, trata-se de uma doença rara, de ordem genética e de difícil diagnóstico. As estimativas são de que uma a cada seis pessoas seja portadora no mundo.
Degenerativa, a esclerose tuberosa pode causar tumores que afetam órgãos como cérebro, coração, rins, pulmões, ossos, dentes e até sistema central. Entre os sintomas, crises epilépticas são comuns. E, apesar de não ter cura, se tratada corretamente, os sintomas podem ser controlados e até haver regressão dos tumores.
No caso do uso do canabidiol, muitos estudos vêm mostrando que se trata de uma alternativa para alguns problemas relacionados à esclerose tuberosa, como algumas questões comportamentais e cognitivas relacionadas à regressão no neurodesenvolvimento e, principalmente, para combater as frequentes crises convulsivas.
Especialistas concordam, porém, que há muitas pesquisas em andamento e que são necessários mais estudos exploratórios. Além disso, como os resultados do uso medicinal da cannabis podem variar de acordo com o paciente, é necessária supervisão de médicos e profissionais de saúde para considerar a adoção do tratamento.
No caso de Maria Francy, de quatro anos e diagnosticada com esclerose tuberosa, as crises convulsivas começaram aos três meses de vida e fármacos tradicionais não ajudaram a criança a melhorar. Segundo sua mãe, Julie Vieira dos Santos, com o tratamento com canabidiol, houve uma melhora considerável. “Muitas pessoas não entendem, mas o efeito do canabidiol é muito bom, principalmente em crianças que têm epilepsia. Eu acreditei no potencial do medicamento pelo seu efeito natural, que tem ajudado bastante a minha filha. É perceptível sua eficiência rápida no desenvolvimento cognitivo, percepção, comportamento e até mesmo na atenção de Maria Francy”, relatou Julie.