Cada vez mais estudos são realizados para que possam avaliar os efeitos do uso medicinal da cannabis no tratamento das mais diversas doenças, transtornos e sintomas. Recentemente, um deles foi publicado na revista Cells e sugeriu que os canabinóides parecem ter potencial de agir contra o câncer.
No caso, a pesquisa considerou o melanoma, cujo desenvolvimento é influenciado por diversos fatores, incluindo condições inflamatórias do organismo, fatores genéticos e prolongada exposição a fatores externos, como radiação ultravioleta.
O estudo foi realizado por pesquisadores australianos e mostrou “notáveis efeitos anti câncer” segundo os mesmos. Nos testes in vitro, o extrato de cannabis, de nome PHEC-66, teria diminuído as taxas de crescimento de células cancerígenas de melanoma e ainda promovido a morte dessas células.
A explicação é que o extrato se ligou às células cancerígenas, impedindo que elas se multiplicassem e que se dividissem em novas células. Segundo os cientistas, teria início uma morte celular programada, conhecida como apoptose.
O estudo ainda está na primeira fase e os pesquisadores concordam que são necessários novos estudos para mais conclusões, mas há pelo menos duas décadas os derivados de cannabis têm sido objeto de pesquisa para tratamento dos mais diversos sintomas apresentados por quem está lutando contra o câncer.
Uma delas foi divulgada em maio do último ano na revista BMJ Supportive & Palliative Care. Liderada por Antonio Vigano, da Universidade de McGill, em Montreal, Canadá, ela reforçou que a cannabis reduz significativamente a necessidade de analgésicos e opióides para quem está sofrendo com a doença.
De acordo com o estudo, produtos que combinam os ingredientes ativos tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD) na mesma medida são particularmente eficazes. "Nossos dados sugerem um papel para a cannabis medicinal como uma opção segura e complementar de tratamento em pacientes com câncer que não conseguem alcançar o alívio adequado da dor por meio de analgésicos convencionais, como os opioides", afirmaram os pesquisadores, em nota.
Naquele caso, foram consideradas respostas de 358 adultos em tratamento contra o câncer num período de três anos e meio, entre maio de 2015 e outubro de 2018. Os três diagnósticos mais comuns eram tumor urogenital, de mama e de intestino e 72,5% dessas pessoas relataram sentir dor .
Com relação ao estudo que está sendo realizado na Austrália, a próxima etapa deve envolver a observação em animais ou ensaios pré-clínicos.