Desatenção, Inquietude, Impulsividade. Essas são algumas características do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o TDAH é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados, afetando entre 3% e 5% deles ao redor do mundo. E como tratar? Será que a maconha medicinal pode auxiliar quem sofre com TDAH?
Para começar, é preciso entender que quem possui o transtorno têm alterações no funcionamento dos neurotransmissores localizados na região frontal orbital, que responde pela inibição do comportamento, autocontrole, organização e planejamento. O nível de dopamina costuma ser baixo.
Já há alguns estudos relacionados ao uso da maconha medicinal para tratamento dos sintomas, mas ainda é preciso mais evidências. Por exemplo, um dos estudos, realizado em Israel e financiado pela Fundação Gruss Lipper, mostrou que pacientes tratados com maconha medicinal interromperam seus medicamentos para TDAH, principalmente nos subgrupos de alta dose de CM e subgrupos de baixa frequência de sintomas do transtorno, segundo os pesquisadores.
Foram coletadas informações de 53 pacientes que faziam uso da maconha medicinal e tinham diagnóstico de TDAH. 37 deles também sofriam de algum problema mental. Entre outubro de 2019 e janeiro de 2020 eles relataram as doses mensais, a forma de consumo, o fabricante ou produtor e o nome da cepa.
Maconha medicinal, TDAH e dopamina
Outro estudo com crianças, também realizado em Israel e publicado na revista Nature, mostrou que dentre 188 pacientes de TDAH tratados com maconha medicinal, 30,1% tiveram melhora significativa dos sintomas em seis meses e 53% relataram melhora moderada. Benefícios como diminuição da inquietação, irritabilidade, ansiedade, problemas de sono, constipação e raiva foram notados por 75% dos pacientes.
Como dissemos, sabe-se que quem tem TDAH normalmente possui um nível baixo de dopamina, neurotransmissor responsável pela memória, nível de atenção e humor. Acredita-se que os canabinóides presentes na maconha medicinal possam melhorar a transmissão de dopamina no cérebro, auxiliando quem sofre com o transtorno ao minimizar as distrações e aumentar o foco. São necessários mais estudos, mas os resultados têm sido positivos.
No Brasil, a empresária Bruna Dagostino Ramos, teve o filho Philip, de um ano, diagnosticado com autismo e TDAH. Ao descobrir a maconha medicinal como alternativa de tratamento, submeteu a criança por três anos ao uso de CBD e observou resultados positivos logo após o primeiro mês, com melhora no foco, fala e condição do sono.
“Com o uso contínuo há quase um ano, meu filho teve uma grande evolução. Antes, ele tinha atraso de fala e acordava muitas vezes durante a noite. Pude ver os resultados do tratamento de perto, o que foi muito especial”, contou ela em entrevista à revista Forbes.
A confiança no uso da maconha medicinal foi tão grande que ela e o marido decidiram, inclusive, montar uma consultoria de canabidiol para desmistificar o que se sabe sobre o uso no Brasil.