Você sabia que, além de uma alternativa para tratamento de doenças, a cannabis também pode ser analisada com o objetivo de melhorar o solo? Algumas pesquisas já foram realizadas neste sentido. Entre elas, a do Rodale Institute, organização norte-americana sem fins lucrativos.
Essa pesquisa mostrou que o cânhamo industrial (que tem menos de 0,3% de teor psicoativo) diminui a necessidade de substâncias químicas em plantações. De acordo com o Instituto, a cannabis consegue extrair metais pesados e biorremediar os solos, recuperando plantações e contendo o crescimento de ervas daninhas.
Para chegar a essa conclusão, o Instituto realizou durante três anos uma cultura de cobertura em rotação entre a cannabis e outras plantações, de gramínea e leguminosas.
Limpeza é feita ao longo do crescimento
O potencial da cannabis em atuar como uma espécie de filtro para solos poluídos, inclusive em locais contaminados por radiação, se dá, entre outras coisas, porque a planta tem raízes longas e crescimento rápido.
Dessa forma, ela suga os poluentes do solo conforme cresce. A cidade de Taranto, na Itália, por exemplo, usou a cannabis para limpeza de solo contaminado por uma usina de produção de aço.
Em Chernobyl, a empresa americana de biotecnologia Phytotech, juntamente com a Academia Ucraniana de Ciências Agrárias, também usou o cânhamo para limpeza de elementos tóxicos. Foi extraído 1% de césio do solo, percentual que, apesar de pequeno, fez com que os pesquisadores pudessem tirar algumas conclusões positivas.
Solo brasileiro é apto para cultivo
Considerando-se o potencial positivo do uso da cannabis para limpeza dos solos, um experimento da Universidade Federal de Viçosa (UFV) mapeou a aptidão brasileira para o cultivo da planta. O trabalho foi feito em conjunto com a startup ADWA e o Grupo Brasileiro de Estudos Sobre a Cannabis.
O mapa, chamado de Potencial brasileiro para o cultivo de Cannabis sativa para uso medicinal e industrial, mostrou que 80% das terras cultiváveis no Brasil seriam aptas para produção de cannabis industrial. Isso por conta do clima brasileiro, que é ensolarado boa parte do ano e conta com uma quantidade razoável de chuvas, além das boas condições de luminosidade no país.
“No nosso país, o cultivo outdoor permite uma expressão mais rica de características, que gera produtos mais diversificados. Seria o equivalente, à expressão que se usa para os vinhos, na indústria vinícola, o terroir. Quem aprecia vinhos sabe que o local de produção é super determinante para as características organolépticas (cor, brilho e textura, por exemplo) daquela bebida”, explicou o biólogo Fabian Borghetti, em um debate na Câmara dos Deputados.